Referência
BARRIGA,
Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Teresa (Org.).
Avaliação: uma prática em busca de
novos sentidos. 5.Ed.Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p.51-82.
Síntese reflexiva
O
exame se converteu num instrumento no qual se depositou a esperança de melhorar
a educação. Porém não é a maneira correta de se afirmar que a educação será
melhorada. O exame é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor
que transforma o ensino, ou seja, o exame serve para avaliar a aprendizagem e
não o processo que leva o aluno a aprender.
A política educacional tem seus
fundamentos conceituais expressos através de noções como: qualidade da
educação, eficiência e eficácia do sistema educativo, maior vinculação entre
sistemas escolar e necessidades sociais, ou seja, a escola terá que instruir as
pessoas a seguir os processos de industrialização com o máximo de eficiência.
Todo mundo sabe que o exame é o
instrumento a partir do qual se reconhece admirativamente um conhecimento, mas
igualmente reconhece que o exame não indica realmente qual é o saber de um
sujeito, o exame não mede se o sujeito realmente aprender, mas serve para medir
se o processo de ensino foi bem ou mal sucedido.
É habitual que tanto os estudiosos
da educação como qualquer pessoa comum pensem que o exame é um elemento inerente a toda ação educativa, porém a
história do exame nas práticas pedagógicas mostraria que ele não foi criado
para avaliar a aprendizagem e sim para fazer exclusão de membros de uma classe
social.
Em certo sentido, quando a sociedade
não pode resolver problemas de ordem econômica, de ordem social, de ordem psicopedagógica
transfere esta importância para uma excessiva confiança em “elevar a qualidade
da educação”, só através de racionalizar o uso de um instrumento: o exame. O
exame será usado para medir as possíveis causas desses problemas.
Uma das funções atribuída ao exame é
determinar se um sujeito pode ser promovido de uma serie para a outro. Ele é
usado como um instrumento de promoção de conhecimento, mesmo sem a preocupação
de que o aluno realmente aprendeu o processo ensino.
O exame realiza uma inversão entre
os problemas de métodos e os de rendimentos. Nesse sentido o método influencia
no rendimento do aluno, por isso a metodologia deve ser bem estudado e bem
aplicado para se obter um bom rendimento.
No século XX, a pedagogia deixou de referir-se
ao termo exame, e o substituiu por teste para torna-la com uma conotação
científica, e posteriormente por avaliação para uma conotação acadêmica. Pois
as ambas concepções são o resultado do processo de transformação social que a
industrialização monopólica provocou nos Estados Unidos.
A construção das provas de
inteligência constituiu um enclave privilegiado para justificar as diferenças
sociais apresentando-as apenas como individuais. Essa prova tinha o conceito de
coeficiente intelectual no qual se reduziu o problema da injustiça social a uma
dimensão biologista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário